Sobre o LADRÃO referido por Jesus em João 10:10 [N O V O]
Em Provérbios 9:10 está escrito: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo é prudência”. Quão pertinentes são estas palavras. O homem que julga ser sábio, este TEME ao Senhor e BUSCA conhecê-lO. Isto certamente o faz um verdadeiro servo: alguém que, por temer a Deus, submete-se somente à Sua vontade. Mas, como conhece-lO, isto é, como conhecer o Santo, senão por intermédio de Sua Palavra, a Bíblia Sagrada?
Este é o ponto essencial de minha insistência com os filhos de Deus. A Bíblia Sagrada é a Palavra de Deus e, como tal, a única base segura para todos os que desejam servi-lO de acordo com a Sua vontade. Quando se trata do assunto em questão, isto é, de falsos pastores e líderes no meio do povo de Deus, não podemos agir passionalmente, movidos por força de paixão cega. Antes, se queremos de fato alcançar a sabedoria, como diz o texto citado, é necessário o CONHECIMENTO DE DEUS, em Sua Palavra. Por isso, convido-te à Escritura, para então sabermos da própria Palavra qual o caminho seguro, isentos de opiniões humanas, que nos levará a agirmos como verdadeiros servos e servas do Altíssimo. Para tanto, tomaremos de seu próprio texto, com o fim de compararmos à Bíblia. Assim, saberemos discernir entre o que é opinião humana e o que é a verdade de Deus em Sua Palavra.
1) Sobre o LADRÃO referido por Jesus em João 10:10:
A identificação do ladrão com os falsos pastores não é uma interpretação particular. Antes, é isso o que é afirmado categoricamente pelo contexto de João 10. Se o lermos cuidadosamente, verificaremos como que o próprio Jesus dá a interpretação dizendo: “Em verdade, em verdade vos digo, O QUE não entra pela porta no aprisco das ovelhas, ESSE é LADRÃO E SALTEADOR”. Veja, meu sincero irmão, que o ladrão e salteador, segundo o próprio Cristo, não é o diabo, mas aquele que não entra pela porta; antes, SALTA o muro para ROUBAR: por isso é chamado de salteador e de ladrão.
No versículo oito deste capítulo, o Senhor mais uma vez declara a identidade do ladrão, dizendo: “TODOS QUANTOS VIERAM ANTES DE MIM são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não lhes deram ouvidos”. Essa é uma clara evidência de que Jesus se referia às autoridades religiosas do judaísmo do Seu tempo. Referia-Se, pois, aos pastores de Israel, que, segundo Jesus, eram verdadeiros mercenários, conforme se lê: “O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge; então, o lobo as arrebata e dispersa”
Neste ponto, Jesus explica o porquê chama os pastores infiéis de Seu tempo de ladrões. Porque são mercenários. Trabalham, não pelas ovelhas, mas por causa do dinheiro. São ladrões porque usurpam as ovelhas que não lhes pertencem, como diz o texto sagrado – A QUEM NÃO PERTENCEM AS OVELHAS.
Este é um princípio estabelecido pelo próprio Senhor da igreja. O rebanho, isto é, a igreja, não pertence aos pastores; mesmo aos verdadeiros pastores. Antes, como diz a Escritura, a igreja é o REBANHO DE DEUS QUE ELE COMPROU COM SEU PRÓPRIO SANGUE (). De sorte que, todos quantos não cumprem com a sua incumbência de cuidar do rebanho de Deus, segundo o modelo contido nas Escrituras, são semelhantemente mercenários.
Não assumimos aqui a posição de juiz, julgando a quem quer que seja pelo nome. Apenas afirmamos o que declara a Palavra de Deus. Aqueles que se veem enquadrados nesta apostasia que se julguem a si mesmos. Pois assim nos ordena o apóstolo Paulo: “Prega a palavra, insta, quer seja oportuno ou não, corrige, repreende, exorta com toda longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentido coceiras nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidas à verdade, entregando-se às fábulas” ().
2) Sobre o haver ou não importância se o ladrão refere-se a homens ou ao diabo:
Quando você diz não ser importante discernir se o ladrão é o diabo ou o homem, parece-me não se importar com o ensinamento de Jesus. Se Cristo discorre sobre este assunto, ensinando-nos sobre a relação contrastante entre Ele – o Bom Pastor – e os mercenários – os falsos pastores a quem não pertencem as ovelhas –, direi eu que pouco me importa saber quem é o ladrão? Como poderíamos fugir dos inimigos do rebanho de Deus se não os conhecemos? Como poderemos lutar se não conhecemos os nossos inimigos?
É por essa razão que, ao contrário do que diz o texto, muitas ovelhas de Cristo têm seguido vozes estranhas, por não discernirem que muitos dos que de nós se aproximam são verdadeiros mercenários, que não poupam o rebanho de Deus ().
3) Sobre o falar mal contra uma autoridade instituída por Deus:
Essa é uma grande verdade bíblica. Todavia há duas considerações a serem feitas: o respeito às autoridades em contraste à responsabilidade de se pregar e ensinar a verdade; e, a identificação de uma verdadeira autoridade estabelecida por Deus, diante de uma avalanche de falsos líderes que reivindicam para si esta atribuição.
Não pense você que todos os que se chamam pastores são instituídos por Deus. Lembre-se das palavras de Jesus Cristo: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: NUNCA VOS CONHECI. Apartai-vos de mim, OS QUE PRATICAIS A INIQUIDADE” ().
Ora, estes que fizeram muitos milagres, que expulsaram demônios e que profetizaram em nome de Jesus NUNCA FORAM CONHECIDOS POR Ele. Não que o Senhor não soubesse quem eram eles. Mas assim disse o Senhor para se referir ao fato de que nunca foram eles enviados por Jesus, ainda que tenham realizado tantas obras em Seu nome. (Agora imagine quantos não os seguiram pensando que eram eles verdadeiros pastores do rebanho, quando na verdade, eram homens perversos que PRATICAVAM A INIQUIDADE). Não é sem razão que Jesus, não poucas vezes, advertiu Seus discípulos contra os falsos profetas que viriam em Seu nome, operando grandes sinais e maravilhas. E como que querendo deixa-los despertos a fim de se certificarem da veracidade dos eventos proféticos quando por ocasião de seu cumprimento, dizia: “Vede que vo-lo tenho predito” ().
Por outro lado, mesmo diante de verdadeiros pastores de Deus, não podemos nos calar diante de seus erros, em nome do respeito que lhes é devido. Uma coisa é o respeito, outra a omissão daqueles que, covardemente, se recusam a falar a Palavra de Deus. Ao longo de toda a história bíblica, nos deparamos com profetas de Deus que falaram dos erros de homens instituídos pelo Senhor. É o caso de Elias diante de Acabe, rei de Israel; de Moisés diante de Faraó, rei do Egito; de Natã diante de Davi, rei de Israel; de Pedro e João diante das autoridades de Jerusalém; e mesmo de Paulo diante do apóstolo Pedro quando este se tornou repreensível no trato para com judeus e gentios, quanto à prática da lei e o exercício da fé.
No caso de Arão e Miriã, em Números 12, que se insurgiram contra Moisés, não era ali uma atitude em prol da verdade de Deus. Antes, tratava-se de rebelião contra a autoridade delegada por Deus. Não é isso, todavia, o que temos feito. Não nos insurgimos contra nenhum pastor ou líder, em particular, ou a qualquer outro que seja. Antes, advertimos a todo homem, servo de Deus, que busque em Sua Palavra o modo agradável de servi-lO; não segundo os homens, mas segundo a Sua Palavra. Não é isso porventura o que nos ensina o apóstolo Paulo? Conforme está escrito: “Porventura, procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo” ().
Vemos, portanto, que o falar com ousadia contra toda forma de corrupção e degradação no meio do povo de Deus não equivale a atitudes de rebelião direta contra aqueles a quem o Senhor estabeleceu. Trata-se de duas coisas diferentes. Natã falou contra os pecados de Davi, sem, contudo, se rebelar contra ele. Paulo denunciou o erro de Pedro, e isso face a face, sem com isso desrespeita-lo. Pois desta forma instruiu o apóstolo Paulo, dizendo: “Porque existem muitos insubordinados, palradores frívolos e enganadores, especialmente os da circuncisão. É PRECISO FAZÊ-LOS CALAR, porque andam pervertendo casas inteiras, ensinando o que não devem, por torpe ganância” ().
4) Sobre o fato de os pastores serem homens, e, como tais, estarem sujeitos ao erro:
Este tem sido um dos mais comuns argumentos daqueles que procuram se esconder e esconder aqueles que andam contrariamente às Escrituras. Pois, o que nos diz a esse respeito a Palavra de Deus? Leiamos: “Porque é INDISPENSÁVEL que o bispo seja IRREPREENSÍVEL COMO DISPENSEIRO DE DEUS [...] APEGADO À PALAVRA FIEL, QUE É SEGUNDO A DOUTRINA, de modo que tenha o poder tanto para exortar pelo RETO ENSINO como para convencer os que o contradizem” ().
Errar no trato para com as Escrituras é simplesmente inadmissível. O que temos feito mediante o programa de televisão, De Volta à Palavra, não é o denunciar os erros dos pastores, que, enquanto homens, estão sujeitos a cometer. A denúncia, que é geral, e não particular, restringe-se aos escândalos doutrinários e aos procedimentos desviados da verdade de Deus.
A Bíblia Sagrada nunca nos mandou ser indiferentes diante da apostasia, e com ares de humildade e obediência, seguirmos cegamente os que em nome de Deus falam mentiras. Pelo contrário, o apóstolo Paulo nos exorta dizendo: “Nos últimos dias os homens seriam [...] mais amigos dos prazeres do que amigos de Deus, TENDO FORMA DE PIEDADE, negando-lhe, entretanto, o poder. FOGE TAMBÉM DESTES” ().
Veja como o apóstolo fala a respeito daqueles que tendo forma de piedade não possuem, entretanto, o poder energizante da nova vida em Cristo, que os fazem proceder de acordo com o evangelho. Estes se parecem piedosos, mas suas práticas não condizem com seu discurso vazio e destituído de verdade. DESTES, diz o apóstolo dos gentios, FOGE. Esta é a ordem, imperativa, do Senhor aos Seus servos. Nunca, entretanto, nos aconselha a Sua Palavra uma atitude passiva, covarde, escondida por detrás de uma obediência explícita aos homens, enquanto que a verdadeira obediência, devida somente a Cristo, é negligenciada e rechaçada como se fosse coisa de somenos importância.
5) Sobre o diabo, que não prega a Palavra de Deus, em contraste ao pastor (homem de Deus) que o faz:
Vejo nisso outro grande sofisma, alimentado muito mais por paixão do que por conhecimento real das Escrituras. O diabo não raras vezes fala a Palavra de Deus com sofismas, com intuitos e interesses de engano maior. Lembra-se do espírito maligno que Paulo repreendeu de uma menina? Lembra-se do que afirma a Escritura, de como dia após dia, sempre que o apóstolo Paulo subia a pregar a Palavra de Deus, o espírito falava e testificava, dizendo: “Estes homens são servos do Deus altíssimo e vos anunciam o caminho da salvação” (). E o que fez o sábio apóstolo? Talvez tenha respondido, dizendo: “não há problema nisso. Quem conosco não espalha, ajunta”. NÃO. MIL VEZES NÃO. Antes, voltando irritado para o espírito imundo, vociferou: “Em nome de Jesus Cristo, eu te mando: retira-te dela [...]”.
Lembra-se também de como o próprio satanás recitou para Jesus parte do Salmo 91, sem retirar nem adicionar palavras? E com qual intuito o fez senão o de corrompê-lO e fazê-lO seu escravo, como assim fez ao primeiro homem no jardim? (). Cuidado. Pois muitas vezes satanás se transforma em anjo de luz, e os seus ministros, os obreiros fraudulentos, se apresentam como ministros da justiça ().
A nossa única salvaguarda está na Bíblia Sagrada como um todo. Ao ouvir os pregadores precisamos nos certificar de que falam somente a Palavra de Deus, e não as misturam em suas convicções equivocadas. Tais misturas constituem sofismas.
Ao escrever a Timóteo, Paulo afirma que o HOMEM DE DEUS, como costuma chama-lo em suas duas epístolas (), deve manter-se na sã doutrina, não se ocupar com fábulas e genealogias, possuir coração puro, boa consciência e fé sem hipocrisia (). Se há, porventura, homens de Deus que não estão de acordo com essa verdade não podem ser chamados de homens de Deus. Senão que tão somente podem ser chamados de HOMENS DE DEUS QUE NÃO SE APÓIAM EM TODA A VERDADE. Estes, entretanto, são chamados à sobriedade (), ao arrependimento e ao abandono das doutrinas caídas ().
Considere estas coisas à luz da Palavra de Deus. Se quiserdes refutá-las, faça-o pela mesma Escritura, conferindo a verdade, não pelos achismos, mas pela verdade verificável nas páginas da Bíblia Sagrada.
Em Cristo,
Bispo Alexandre Rodrigues
Jesus: o bom pastor (14/05/2011)
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